Barrada no baile
O meu filme de Halloween este ano (a data mais cinéfila de todas, depois do Natal, claro) foi o clássico Carrie – A Estranha. Daqueles filmes que viram ícones e fonte de referencias a cinéfilos e cineastas das gerações seguintes, o primeiro grande sucesso de Brian DePalma é uma deliciosa, e ao mesmo tempo tétrica, história de bruxa do século XX.
Baseado no primeiro romance de Stephen King, autor que não faz a minha cabeça, mas que deu base para muito filme bom de horror, Carrie é uma maravilha de se ver, e se diferencia das centenas de títulos de horror e fantasia da década de 1970 devido à direção brilhante do mestre DePalma. Os zooms, as telas divididas, os planos mistos e um ou outro brinquedo que o cineasta adora são usados aqui sem afetação e com extrema competência.
Outro ponto que coloca Carrie como um horror digno e classe A é o seu elenco. Sissy Spacek, linda e excelente atriz, usa aqui toda a sua candura e o seu lado diabólico, duas facetas aparentemente antagônicas, mas que enriquecem a sua composição da pobre garota. Ela causa simpatia e comoção por uma personagem que poderia ser facilmente rejeitada pela sua passividade.
Piper Laurie também está sensacional como a bruxa louca que é a mãe de Carrie. Fanática religiosa, ela é uma louca sim, mas uma louca pouco óbvia. Entre o elenco jovem, o destaque fica para Amy Irving, ótima como uma das poucas pessoas do colégio que se apiedam da menina, e Nancy Allen, a vadia do colégio, perfeita. Quando leva um tabefe da professora, numa cena sensacional, todos nos sentimos vingados. Cachorra!
O filme de DePalma continua sendo um marco pela sua criatividade e pela maneira de abordar o assunto, hoje em bastante evidência, do bullyng escolar. Carrietta White é tratada como lixo na escola e como bicho em casa, e quando vemos os desfechos trágicos da perseguição que sofre, ela não é vista exatamente como uma vilã. Da inesquecível e definitiva cena em que ela ensina com quantos números de pirotecnia se fazem um baile escolar, a sua volta para casa, ficamos do lado de sua personagem.
Os contornos góticos e líricos fornecem um clima a mais. Opressivo e belo ao mesmo tempo, é um filme marcante também pela forma como aborda o fanatismo religioso e mostra como gente de Deus pode ser mais malvada que o capeta.
O MELHOR: a sintonia do elenco, o roteiro enxuto e a direção firme e rica
O PIOR: Se fosse mais bem informada, Carrie poderia ser uma mulher rica e viva hoje em dia
PSIU: Em 2002, Carrie ganhou uma versão bem tosca pra televisão. No elenco, a única presença boa é a da excelente Patrica Clarckson como a mamãe doida da Carrie. A mudança mais significativa é que Carrie (aqui interpretada pela musa indie Angela Bettis,esquisitíssima) fica viva no final. Então tá.
O DVD de Carrie – A Estranha: Lançado no Brasil em uma versão sem nenhum extra pela MGM/Fox, Carrie – A Estranha ganhou uma edição especial em 2004. As capinhas são muito parecidas e em ambas as edições só há um disco, mas os extras da Edição Especial são ótimos.
A imagem está bem nítida em widescreen, com o corte original em 1:85:1. Não há comentários do grande Brian DePalma, mas ele e membros do elenco comparecem em documentários extensos sobre a produção e a escalação do elenco. Aqui é oficializada a história de que DePalma e George Lucas realizaram teste de elencos simultâneos, selecionando intérpretes jovens e desconhecidos para as modestas produções Carrie e. ..Guerra nas Estrelas!Uau.
Também temos um featurette sobre o lançamento do livro de Stephen King, galeria de fotos, menus animados (muito bons) e o trailer de cinema original. Inacreditável, nenhum dos extras conta com legenda em português. Foda-se Fox. Que a Carrie puxe o pé do executivo responsável por este descuido. Fácil de achar nas lojas virtuais e, curiosamente, a versão sem extras muitas vezes é mais cara do que a edição especial.
Carrie / Brian DePalma / 1976 / (1:85:1)
7 comentários:
aeee, carrie chega cheganu.
acho que se vingar dos bonitões e das cheerleaders usando poderes devia ser o sonho de 9 entre 10 nerds e freaks norte-americanos...
segredo: vi carrie 2 no cinema, conta pra ninguém
Carrie 2 é uma nulidade, e tão importante que eu esqueci de citar no texto. É um remake sem dignidade disfarçado de continuação. Divertido, mas vazio. O mundo náo precisa de Carrie 2.
E eu lembro até hoje da cena final, com a janelinha abrindo e a Carrie Junior (aonde foi parar aquela atriz?) entrando no quarto do namoradinho - dá pra ver uma linha gigantesca puxando a janela, kkk. E olha que eu nunca reparo nessas coisas, pra você ver como o erro é grosseiro.
Adoro quando ela tá andando na rodovia e causa um acidente de carro. DePalma fez a cena parecer um stop-motion, será que é homenagem aos clássicos de Simbad que passavam no SBT? hauheuaheuaea... esse é um que falta na minha coleção, juntamente com O Bebê de Rosemary, que eu tanto fiquei relegando a "uma próxima compra" - e agora eu só posso comprar se for na net, porque não acha mais na prateleira das Americanas. Foda quando a gente faz escolhas que estragam nossa vida no futuro!
Hahaha, tbm adoro a cena do carro, que cara dela é aquela?
Quanto a Rose, rs, assino em baixo. Não dei valor (imagine Kely Key cantando), deixei passar o dvd e há uns meses corri louco pro shopping e não achei, chuif...
João, eu acho que Carrie é meu DePalma favorito, gosto imensamente do filme e da construção da personagem. Mas a direção é mesmo o ponto alto do filme, toda a sequência do baile é sensacional. E eu tem muito medo da Sissy Spacek!
Também é um dos meus DePalma favoritos Rafael!O cara reinou nos anos 1970/1980.
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