sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Possuídos ( ***1/2 )


Árido Movie.

* preservei no texto o título original, Bug (Inseto), por que a tradução, além de safada, é repetitiva (já existe um filme com Denzel Washington que usa a mesma tradução)

*Texto dedicado a Stephanie Riccio,e a um certo blogueiro secreto...


Vi Bug numa sexta feira. Sessão das 5 da tarde. Muito provavelmente a maioria das pessoas que estavam naquela sala estavam esperando uma variável de Premonição, ou de O Chamado, e receberam na cara um belo exemplar de cinema, duro e sem concessões. Bem feito, e idiota quem reclamou no final, gritando que queria o dinheiro de volta. Quem foi que inventou que filmes têm que carregar o público no colo?

Realmente, a primeira vista isso aqui engana. A partir de determinados momentos do filme esperamos que alguma aberração entre pela porta daquele motel vagabundo e que o filme ganhe ares de filme B dos anos 50; que o fantástico entre ali e proporcione uma história apavorante. Mas em vez de monstros espalhafatosos, o que ganhamos é um conto sobre paranóia, desespero e solidão,que abarca mil metáforas, escolha a sua e seja feliz.

Bug é árido, duro de engolir. Do cenário propriamente dito, ao rosto endurecido de seu elenco. Do clima seco a sensação de que algo está errado, que era melhor não sair de casa. Mas aprendemos que a pior coisa que pode acontecer a uma pessoa é ficar refém da própria mente, não há mal físico que se compare a isso. Uma dor pode ser aliviada por uma aspirina, mas não há nada que se compare a constatar que você não tem mais freios e não sabe onde está pisando.

William Friedkin dá a tão esperada e merecida volta por cima com este aqui. Diretor do maravilhoso O Exorcista, raro filme setentista popular entre as novas gerações – por motivos óbvios-, o diretor deixa de lado a a babaquice pretensiosa e inchada de seus últimos filmes e se concentra num filme seco e sem concessões pra uma platéia cada vê mais submissa e com medo de pensar. Ashley Judd é outra que ganha respeito e admiração por se entregar a um papel tão difícil e anti-glamour, anti-Hollywood. Respeito não vem fácil, aqui ela conseguiu. E que elenco sensacional.

Bom, se você foi um dos que ficou revoltado por ter entrado na sala de cinema pra ver isso, vá reclamar com a distribuidora, que vendeu um filme como mais um exemplar de terror banal. Neste mundo de rótulos e categorias em que vivemos, Bug estaria bem melhor numa sala de arte, sendo visto por quem merece ou por quem realmente queira passear nesse trem do terror. Por outro lado, é bom ser malvado e forçar a certos debilóides a ver essa massa bruta de horror, que existe lá fora, mas que escondemos embaixo do tapete. Sensacional.
Bug / William Friedkin / 2006 / (1:85:1)

5 comentários:

Anônimo disse...

O blogueiro secreto agradece ao texto sem-palavras... curiosamente, o blogueiro secreto acompanha este blogue desde o início e, por isso, é capaz de afirmar que este poste é o ápice da Última Sessão. Texto miserável, que raiva... Abs.

Marcus Alves disse...

João INDÓCIL :D

Anônimo disse...

hum, me agrada, mas me deixa inquieto - isso é bom. corre, fica muito dodoi no fim, talvez. mas é legal. * * *

Julio Gomes disse...

Bug é sensacional, mesmo. Imaginei que nem mesmo você, o garoto-enxaqueca, deixaria de se render a ele rsrsrsrs Leu um texto (acho que foi na Cinética) de alguém que reclamava dessa história de "renascimento em grande estilo" do Friedkin? E por falar nisso, li com pesar a surra que "Valente" anda levando da crítica. Que pena, pois eu botava a maior fé nessa combinação de Jodie Foster e Neil Jordan... Por aqui, vi "Mr. Brooks" (beira o ridículo; Kevin Costner não merecia isso...) e "Ligeiramente grávidos" (que título!!!) irregular, mas simpático.

Anônimo disse...

ler todo o blog, muito bom