Jason mauricinho
Nesta mania irritante de refilmar tudo o que vê pela frente, a vítima da vez do massacre hollywoodiano foi a amada, principalmente pelos cinéfilos saudáveis que cresceram nas décadas de 1980 e 1990, série Sexta- Feira 13. Nada contra remakes, não é uma questão de puritanismo, mas a qualidade dos filmes resulta tão baixa que desanima. Curiosamente, os filmes originais sempre são produções independentes, geralmente feitas com recursos limitados. Nas versões “atualizadas”, a riqueza da produção é inversamente proporcional a falta de criatividade.
Na série original, o psicopata mascarado Jason Voorhees só surgiu no segundo filme, e a famosíssima máscara, ícone rei entre o universo slasher, só aparece no terceiro filme. Na versão de 2009, eles cortam o papo furado e vão logo ao que interessa, com Jason surgindo já parrudo e não demorando muito pra vestir sua fantasia.
Mas o filme sofre do mesmo problema que acometeu outra ressurreição recente de franquia. Como em Superman – O Retorno (diga-se de passagem, um filme bastante razoável) tenta-se atualizar mitos e conceitos para uma plateia, mas não se consegue uma separação total do passado.
Os créditos, sem graça, sem nenhum clima que antecipe o terror que será mostrado, apresenta algumas cenas com a mãe do Jason, a assassina do primeiro filme, de1980, sendo assassinada, e a casa, precisando de uma faxina, em que o filhinho habita. Um prólogo inócuo e preguiçoso, parece que ficaram com preguiça de criar um novo começo. Sem falar que, além de não satisfazer os já iniciados no mundinho de Jason, não deixa lá muito claro a coisa para os não iniciados.
Conhecemos o primeiro grupo de vítimas, e uma garota, a tradicional final girl deste tipo de filme, é poupada por parecer com mamãe Vorhees. Freud explica Jason. Então a história mesmo é do resgate desta garota, e o encontro do irmão dela com um grupo de jovens que se reúnem para um final de semana na casa de um deles – o fato dele morar, sem saber, num local em que Jason sempre matou vários pessoas nem é citado pelo roteiro. Tipo de furo que o roteiro, claro, não faz questão de explicar. Filme slasher sem furos de lógica não tem graça, e não é uma reclamação, é uma constatação. Mas aqui estão abusando.
As vítimas são sem graça, personagens são mal escritos, e o fato do filme ser super povoado não ajuda. Vale notar que são todos brancos e sarados, e os únicos que destoam do grupo, um negro e um asiático, só falam asneiras e caem logo na faca. Não há aqui aquele delicioso clima vagabundo que marcou os primeiros filmes da serie, e que era o seu maior atrativo. Tirando a cena em que uma vítima morre num lago, muito boa e nostálgica (nunca fique embaixo da ponte), o resto é pífio.
Este Sexta Feira 13 with lasers é asséptico e óbvio como muitos produtos direcionados a geração iPod, não é necessário correr riscos e aposta-se no mais que certo. Tudo muito bem produzidinho, o gore é tímido, os sustos são esparsos. Sem graça. Perto do final há momentos de tensão, mas é tudo muito fraco para empolgar. O diretor Marcus Nispel, que fez um trabalho com um grau mínimo de interesse no remake de O Massacre da Serra Elétrica (que, não nego, acho pura diversão), age como um amador aqui. Não parece que são obras do mesmo diretor. Susto final vagabundo. Esperamos que chamem o Steve Miner para comandar o próximo.
Psiu1: O filme é produzido pela Platinum Dunes, do Michael Bay, que refez Massacre da Serra Elétrica e Horror em Amytiville e está preparando uma nova versão de A Hora do Pesadelo. Tenham medo, muito medo. Todos afetados, hiperfotografados, com luz brilhante e mil cortes, parecendo propaganda de desodorante.
Psiu2: Vi Sexta Feira 13 num cinema lotado. Não é uma comédia, mas me garantiu a maior risada que dei este ano na sala escura: um gênio falastrão sentado na fileira de trás soltou que achava que “o loirinho que é o Jason”. E ele falava sério.
- Concurso de beleza no Crystal Lake
Friday The 13th / Marcus Nispel / 2009 / (2:35:1)
4 comentários:
"Freud explica Jason" haaaahaha mto bom. Porra eu adoraria ter escutado o moleque viajando na bananinha com essa do playboy ser o Jason. E adoraria o Steve Miner trazendo toda a qualidade do Friday the 13th part II pra um remake!! É como eu disse, nesse filme nem o sexo presta. O sexo em My Bloody Valentine 3-D é mil vezes superior!
Desse eu tenho medo, muito medo. O filme deve ser um horror (infame trocadilho!).
Realmente um filme extremamente dispensável... Bem, depois de ver o remake do Halloween pelo Zombie também gostaria de vê-lo na franquia do Jason :)
Haha, realmente, até nas clássicas cenas vulgares que recheiam este tipo de produção, o filme é incompetente.
Rafael, vale pela curiosidade mórbida pra quem curte, ou curtia, os filmes antigos.
Cara da Locadora, eu quero o Zombie longe. De qualquer franquia,rs.
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