quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

As Horas ( ** )


As Horas é um bom filme, mas claramente quer ser bem mais do que é. É bom ver esse tipo de filme, feito para ganhar prêmios, anos depois que o bafafá das premiações já passou, e só resta a obra em si, sem aquele carimbo de indicações e vitórias influenciando a opinião de quem o assiste.

Chega de sinopses aqui. Não tenho paciência, e não é nada que o Google não resolva

Temos aqui Nicole Kidman lidando com um futuro negro, Julianne Moore exrtremamente infeliz com o presente e Meryl Streep presa e saudosa ao passado.

A atuação de Kidman talvez seja realmente boa, mas não posso afirmar com certeza. Não é injustiça com a atriz dizer que ela deve o Oscar e outros prêmios que ganhou àquela maquiagem carregada que a deixou parecida com Virginia Woolf. Meryl Streep interpreta Meryl Streep, e por isso mesmo é muito boa, e Julianne Moore contginua sendo aquela atriz inspirada de sempre. Ou seja, o trio feminino principal e os diversos coadjuvantes de prestígio variam do bom ao excelente, com a cada 10 minutos um bom ator entrando em cena e deixando sua marca no filme.


É um filme de atores e daria uma excelente peça teatral. Só que a direção do inglês Stephen Daldry (Billy Elliot) é carregada e solene, assim como a trilha sonora, tornando uma experiência um tanto angustiante, mas pelos motivos errados.


Sem dúvida é um filme que quer ser melancólico, e o consegue, mas as emoções aqui soam friamente calculadas.

E afinal, sobre o que mesmo As Horas trata? Homossexualidade? Depressão? O peso de carregar uma família, ou a falta que uma faz? Tudo isso, nada disso?

Fica a dúvida no ar. Se o filme tivesse por trás alguém mais preocupado em ser sincero e conciso e menos em agradar a muitos, o resultado seria mais satisfatório.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pra mim só salva ver a Virgínia Woolf. Por mim o filme seria todo só sobre Virginia Woolf. As melhores cenas são com ela, e a melhor de todas é ela fumando erva rsrs
Tudo bem, a do suicídio é melhor. Mas ela fumando erva é mto bom!!

um báu disse...

Senti exatamente o oposto em relação ao que você critica acerca da falta de um tema central ao filme, porém é uma visão pessoal e sem qualquer pretensão de superioridade. O que entendi da problemática do filme e que norteia, mesmo que de maneiras diferenciadas, a vida das três personagens principais, é o sentimento de impotência diante da vida, das normas vigentes e dos rumos tomados por ela. Esse movimento autônomo vitalício cristaliza as ações humanas impedindo-a de libertar-se, como se a vida tivesse seu próprio curso e o presente assim como o destino são regidos por forças normativas sociais que enquadram os indivíduos provocando o tédio e a infelicidade, que muitas vezes são camuflados ou mascarados numa tentativa de fuga, assim como fazia a personagem do livro que promovia festas para esconder sua tristeza e solidão. Achei que isso foi exposto no filme de forma profunda, intensa e ao mesmo tempo sutil. Até porque ele propõe uma análise baseada no universo feminino e achei que se enquadra bastante nas paranóias angustias e anseios desse universo: as regras de conduta e comportamento, o como ser mãe, esposa e dona de casa, as aflições provocadas detalhes aparentemente insignificantes, as idealizações e fantasias, a submissão ao homem e por aí vai...
Não conheço Virginia Woolf mas pelo que já ouvi a respeito ela foi uma mulher que sofreu com o fato de ter uma consciência para além de sua época, o que a fez ser tantas vezes incompreendida pelos outros e por si mesma, o que de certa forma contribuiu para o sentimento de incapacidade de controlar a vida, optando pela morte.
Sobre o diretor, o processo de produção e os interesses por trás da obra não tenho nenhum conhecimento então nem tenho como opinar. Meu olhar foi mesmo de primeira impressão provocada pela experiência fílmica, por isso é bem limitado mesmo.
Bom, fico até sem graça de comentar aqui porque vc sabe da minha admiração por seu posicionamento crítico apurado diante do cinema, mas ainda assim, como vc tem toda a paciência do mundo em me ouvir mesmo se eu disser um monte de baboseira, resolvi deixar minha opinião!
Bjo chu, saudades e saudades!!!!