domingo, 1 de abril de 2007

Irreversível ( ***1/2 )


Cinema exxxtremo


O diretor Gaspar Noé parece procurar um realismo duro em cada cena de seu filme, a até que funciona. Irreversível é para poucos, e não é muito legal ver longas seqüências envolvendo cabeças esmagadas e mulheres sendo estupradas.

Há aqui uma visão fatalista, e o filme sugere que tudo o de ruim que acontece na vida das pessoas já está traçado –e o tempo destrói tudo, o filme diz. Um dia feliz pode acabar de forma terrível.

A personagem de Belucci conta que teve um sonho estranho envolvendo um túnel vermelho; sua personagem decide se arriscar atravessando exatamente um local parecido com o do seu sonho – e eu não sei o que pensar disso. Pessoas sensatas talvez não entrassem ali, mas o diretor quer por que quer provar sua teoria. Cena inquietante.

A câmera aqui é livre e alucinada, tomadas incríveis. Um clube gay que parece uma filial do inferno, sexo explicíto e muito delírio. Não levem a vovó pra ver esse filme.


A estrutura é roubada de Amnésia, com o filme começando de seu final. Achei que o recurso foi melhor aproveitado aqui que o filme de 2000.

Curioso ver uma atriz famosa e associada ao glamour de antigamente como Mônica Belucci aceitar fazer esse filme. Lembrando de Maléna e A Paixão de Cristo, sabemos que sexo e violência não acanham a atriz. E as cenas de intimidade com o seu marido (também na vida real) Vicent Cassel são muito boas.

Sem dúvidas um filme pertubador, Irreversível tem todo esse pessimismo calculado pra polemizar que me lembrou, olha só, 21 Gramas, e isso é bem esquecível. Mas a direção magnífica e o espanto que o filme causa pela dureza valem muito a pena.

2 comentários:

Unknown disse...

Pode até lembrar, vagamente, na questão do pessimismo, o 21 gramas... mas Irreversível é cinema enérgico, energia pura sem papas na língua. Com certeza calculado pra gerar um efeito e uma mensagem, considerando as cores, iluminação e a movimentação alucinada da câmera, que vai se alterando conforme o filme chega ao final. A própria edição vai se tornando mais calma. Mas não há como negar que é muuuito bem calculado. Eu não calcularia tanto, mas eu não faria algo tão perfeito. Um filme meu ficaria pela primeira metade de Irreversível. Vazio, pós-moderno, e brutal :D

Anônimo disse...

Ireversível é um episódio de Linha Direta narrado de trás pra frente rsrsrsrs Faltou só a narração em off chatinha pra pontuar. Veja "O amor em cinco tempos", de François Ozon, e de contrução similar, e compare: o modo de narrar pode (e deve) ser usado em função do filme, e é muuuuito mais do que um artifício de estilo.