quarta-feira, 20 de junho de 2007

Ó Paí Ó ( *** )


Você Já Foi a Bahia?

Bom, considerando que eu esperava uma bomba de grandes proporções, as famigeradas estrelinhas aí em cima estão em números razoáveis. Apesar dos excessos, dos clichês, de um ou outro momento “nadaaver”, esse filme-turismo de Monique Gadenberg se sai muito bem em, apesar dos estereótipos, mandar uma imagem da Bahia, através de cenários e personagens, muito fiel. Não que todo baiano seja presepeiro e comece a cantar e dançar no meio da rua, mas as relações bastantes extrovertidas, determinadas gírias e atitudes servem bem como retrato desse povo singular.

O visual feinho tá lá, mas é um detalhe coerente. O merchandising também, mas mais discreto que o habitual. Filme pra turista ver, Ó Paí Ó deve parecer um exagero absurdo pro público não-baiano, mas digamos que essa pérola da baianidade não está tão longe assim da verdade. Final meio over, mas tudo bem. E o elenco ta do bom pro ótimo, Wagner Moura segura um personagem bizarro e impagável, e a Dira Paes é sensacional.

Vale lembrar que isto aqui é uma adaptação de uma peça teatral, o que explica muita coisa...

Ó Paí Ó / Monique Gadenberg / 2007 / (1:85:1)

domingo, 10 de junho de 2007

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Homem - Aranha 3 ( *1/2 )


Precisando de um spa

Verão de bombas esse ano. A época mais colorida pra cinéfilos menos exigentes (olha o preconceito) vem se mostrando bastante decepcionante, mais do que o usual. Curiosamente, nunca os filmes renderam tanto, mas a qualidade ao que parece está sendo inversamente proporcional ao nível de arrecadação nas bilheterias. O público sai insatisfeito das sessões, mas respondem dando grana aos estúdios. Seria masoquismo?

Os erros de Homem- Aranha 3 são imperdoáveis, ainda mais lembrando do alto nível dos dois filmes anteriores da série, muito bem escritos e divertidos, com o segundo filme indo muito além do que qualquer um desses filmes atuais baseados em quadrinhos.

Esse aqui parece ter sido feito ás pressas pra estrear a tempo nessa temporada, com imenso cuidado na pós-produção, mas com um roteiro ridículo, e que deveria estar incompleto quando as câmeras começaram a rodar.

As coincidências absurdas são muitas, os personagens estão rasos e em excesso, os diálogos são babacas,há um desfile de atos incoerentes...disso tudo, não sei o que é pior. Há tanta gente em cena e conflitos aqui, e tão pouco espaço pra sustentar tudo isso, que o filme se torna flácido.

Mais infantil que os anteriores, também é o que faz mais concessão ao público, o que é um absurdo, afinal Sam Raimi teve o mérito de tornar o segundo capítulo um filme estranho e autoral , cheio de suas marcas. Tirando uma ou outra coisa bizarra e uma ou outra cena de gosma e insinuações de terror, este terceiro capítulo tem muito pouco do seu diretor, o que não deixa de ser irônico, afinal pela primeira vez Raimi assina oficialmente o roteiro do filme.

Ver Peter Parker dançando nas ruas e bancando o emo, por mais absurdo e destoante que seja, é um alívio, por que por bem ou por mal lembra a estranha originalidade que Raimi soube imprimir muito em aos filmes anteriores.

Extremamente decepcionante, não é um filme desagradável de se ver, mas está longe da qualidade esperada. Bryce Dallas Howard é uma ótima adição ao elenco, e aproveita muito bem o pouco que lhe dão. Mas os seus fãs não precisam se preocupar: mais continuações vêm aí, mesmo que com outro elenco principal. Isso nunca é bom, mas se acontecer, que voltem a se concentrar mais no roteiro e menos nas pirotecnias bobocas.

Ah, eu falei do final completamente patético? Nem o desenho que passava de manhã na Globo conseguiu ser tão absurdo e babaca.

Spider-Man 3 / Sam Raimi / 2007 / (2:35:1)

domingo, 3 de junho de 2007

O Jardineiro Fiel ( *** )


Abraçando o mundo

Filme estranho esse Jardineiro Fiel. É fácil gostar dele sendo brasileiro, afinal tio Fernando Meirelles conseguiu chegou lá, fez um filme saboroso, cehio de astros, oscarizável e, o melhor de tudo, cheio de consciência social pra dar, o que pra um cineasta vindo do terceiro mundo conta, e muito.

Curiosamente, o Senhor das causa sociais, Mr. Walter Salles, bastante humano, foi fazer um thriller de horror, o fracasso Água Negra, que tinha coisas boas, mas sofreu por não se aceitar como filme de horror – o cara se mete num remake de filme B japonês e não admite o fato, nunca dari acerto. Já Meirelles, saído do ultra megasuperestimado Cidade de Deus conseguiu material a altura do currículo, e se deu melhor. Mas não douremos a pílula.

Não é rabugentice meter o pau em O Jardineiro Fiel, mas o filme tem um clima artificial tão grande que quase resulta em desastre. Mas a câmera de Meirelles, afetada em alguns momentos, sensacional em outros, e a dedicação da dupla Ralph Fiennes/Rachel Weisz (ótima química, belas atuações) dão uma energia que disfarça um pouco a mistura indigesta de filme social, história trágica de amor e aventura de espionagem. É um mix ousado -e que acaba dando certo, descontando a forma absurda como os protagonistas se envolvem, um ou outro discurso artificial, e personagens que não convencem, como aquele primo da Rachel Weisz – ele e o filho hacker, um horror.

Filme que parece evitar ao máximo trazer clichês para a África (eles ficam só pela Europa mesmo), mas não resiste a uma ou outra imagem de cartão postal – se tratando de locações como o Lago Turkana, realmente é algo muito difícil. Realmente pinta uma identificação entre a favela africana e a carioca, mas o olhar aqui é mais carinhoso – embora não piegas - e livre de traficantes psicopatas, pelo qual agradecemos.

O filme faz um comentário pertinente, mas não estou atrás de lições de como fazer do mundo um lugar melhor quando sento para ver um filme, mas sim de prazer, diversão e certa elevação, se possível, por favor. Há um pouco disso nesse aqui, mas no geral o resultado é brochante. O filme é ágil, extremamente bem editado, mas não tem poesia, não pára para respirar – algo que sinto a falta em muitos filmes.

Lindo desfecho, no entanto. Apesar do personagem do Ralph Fiennes merecer umas bolachas, é algo coerente com o seu personagem, e traz um pouco de convencimento para a ligação supostamente forte dos personagens. Razoável.

The Constant Gardener / Fernando Meirelles / 2005 / (1:85:1)