domingo, 19 de abril de 2009

Quem Quer Ser Um Milionário? ( *** )

De cima pra baixo

Seria tão melhor assistir Quem Quer Ser Um Milionário? sabendo o mínimo possível sobre o filme, já que ao chegar para a sessão já levava uma bagagem enorme de sensações e informações, tipo de coisa que geralmente só funciona em desfavor a percepção do filme. Mas até que tudo ocorreu bem, o filme fluiu. Curiosamente, é o primeiro caso recente de filme vencedor do Oscar lançado no cinema propositadamente depois da cerimônia da Academia. Tivesse o filme perdido os prêmios principais, a maldita distribuidora Europa Filmes estaria com um tremendo pepino em mãos.

Como fã de Danny Boyle (o único filme dele que eu não gostei foi Caiu do Céu, uma bomba, que curiosamente tem muito em comum com o bem superior Milionário) foi fácil gostar deste Charles Dickens pós-moderno. Muitos críticos e intelectuais brasileiros e estrangeiros se incomodaram profundamente com um possível “olhar de cima” dos cineastas, uma visão turva da Índia e a suposta perpetuação de clichês imperialistas sobre o pobre terceiro mundo.

Bobagem. Pode se até acreditar que exista uma visão equivocada, ou o que os produtores fizeram um filme “olhe para os pobrinhos, coitadinhos”, mas prefiro enxergar uma bela fábula sobre perseverança, obstinação e amor. O peso disso tudo, mais a questão destino -ou “estava escrito”- você pode regular através de sua balança de ceticismo ou ingenuidade, vai de cada um.

Evidentemente superestimado, mas um produto bem charmoso e simpático, apesar das misérias expostas, para mim Boyle fez um trabalho bem mais interessante e funcional do que Cidade de Deus, por exemplo, a quem vem sendo bastante comparado. Também me chama a atenção que muita gente que falou mal deste aqui gostou do paternalismo frouxo e patético visto no também recente Linha de Passe, sucesso do cinema brasileiro, um filme “digno” e “nobre”, que nos mostra uma visão ridícula sobre gente da periferia, expostos como se estivessem em um zoológico, para serem estudados por acadêmicos. O que faltou de honestidade em coerência naquele sobra em coração, energia ,otimismo – e, o melhor de tudo, boa cinematografia - em Slumdog Millionaire.

Psiu: já conhecia os créditos finais, pois tinha o filme no computador (err...), pretendendo assistir antes da cerimônia do Oscar. Felizmente deletei o arquivo e assisti no cinema, não sem antes ver aquele trecho umas dez vezes. Jai H!, canção / créditos maravilhosos...

Slumdog Millionaire / Danny Boyle / 2008 (2:35:1)

10 comentários:

heron disse...

boa john.
é engraçado que o argumento do "imperialismo" tenha se transformado, ele também, em lugar-comum... tipo, hollywood fazendo filmes sobre os "pobrinhos" gerou, entre os "esclarecidos" (intelectuais, críticos etc.), muita revolta (crash, babel, esse), mas a galera geral do cinema adorou.

acho que parte dessa revolta se resume no fato de que Boyle filma um garoto mergulhar em cocô e fazer isso parecer lindo, quando deveria ser revoltante

não acho slumdog ruim, mas é um filme muito bobo, cansativo... ele vai pelo caminho de sempre, da trajetória, do "sofri desde criança", do "já passei por cada-uma"...

e como comentei contigo no msn, Boyle está se especializando em cenas de corridinhas... ele repete a priameira cena de extermínio 2 [esse sim acho uma bomba] o filme inteiro, aff

Leandro Afonso Guimarães disse...

meu deus, como consegue encaixar dickens nisso aí, rs? um cara que fazia contos sobre conversa de gente com cadeira, duendes e sinos, com um senso de humor que parecia baiano erudito, definitivamente não merece ter seu nome na mesma frase que slumdog millionaire, rs...

mas, sim... vc viu o cara cuja filha trabalhou do filme? botou anúncio, tava vendendo a coitada, ¬¬

anyway, pra mim, o que nem coloquei no meu texto pq já tinha visto no de kleber, é que, pra completar a merda toda, pra boyle, mais importante do que qualquer coisa, é a sorte (pra o final financeiramente feliz - afinal de contas, é mais difícil xingar uma pessoa que ri de felicidade). e, num filme que trata com tanta coisa pesada, isso parece meio irresponsável. até pq o tato pessoal de autor (?!) dele, que poderia ser relevado ali, virou purpurina.

[estrelinhas por estrelinhas pra mim só servem pra polêmica, pra discussão delas ao invés dos filmes. então, nem comento. ^^)

e, heron, extermínio 2 não é de boyle. :p

heron disse...

que mico hihihihi

ou então estou confundindo os 2 filmes

Unknown disse...

Tudo a ver com Charles Dickens, dê uma olhada em Oliver Twist e Grandes Esperanças, na moral.

Acho o lenga lenga em cima de Slumdog..uma bobagem, ainda não vi um argumento reprovador convincente..

Quem tá ligado pra porra de realidade, de sorte, de responsabilidade?O filme é claramente uma fábula sobre otimismo, toma as suas liberdades (como o Jamal, que é inacreditável, só em filme mesmo) e não vejo mal algum nisso.

Quanto a tal falada "cena do cocô", aonde é, em que parte, que o diretor celebra, acha engraçada, bonitinha, linda?Só por que ele não colocou uma música triste, ou a montagem não ficou lenta?Do ponto de vista do roteiro, a cena é SENSACIONAL, porque é mais uma prova da obstinação daquele garoto, meio ingênuo e sem noção. Não imagino o Danny Boyle chegando com o texto na mão e anunciando: "é hoje que a gente vai filmar aquela cena hilária do fosso, hahaha". Vamos com calma minha gente.

Quanto a ser bobo e cansativo, é relativo. Achei algumas coisas mal desenvolvidas, como a guinada final do irmão do protagonista,mas achei o filme extremamente envolvente e bem feito, com muitas cenas emocionantes no final,coisa que não ando vendo com frequencia no cinema.

E nada contra cenas de corridinhas, se o filme for bom.

Unknown disse...

Extermínio 2 foi dirigido por um espanhol esqueci o nome dele, acho que Fresnandillo. Ainda não vi...

heron disse...

pois as corridinhas definiram esse filme pra mim... Boyle [pelo menos, acho eu] insiste em nos lembrar o quanto pode ser divertido escapar, fugir dos bad guys, tentar não morrer... e isso é especial não porque o filme se passa na Índia [um lugar onde se corre muitos riscos lalala], mas porque tudo vira molecagem, pega-pega... e, veja bem, não estou dizendo que o filme, para deixar de ser muleque, deveria vir em tom solene, auto-importante, aquela coisa pesada, "adulta"; mas acho que as perseguições "com suingue" desse filme acabam por ofuscar do quê eles estão fugindo.

e john vc leva nossos comentários muito pro lado "prático"... ninguém aqui disse que Boyle deve ter criado todas essas cenas celebrando a miséria, ali, no set... mas como vc o comparou com Cidade de Deus, me pareceu sub-entendido que vc estava falando daquela coisa de cosmétida da fome etc.

kkk vontade de discurtir isso com cerveja hihihihi

heron disse...

ps.: adorei esse blog Escreva Lola Escreva, vc conhece a figura?

Leandro Afonso Guimarães disse...

o fato de bukowski ser cruel com as mulheres, falar sobre e às vezes descrever o sexo, não quer dizer que ele tenha sido o marquês de sade contemporâneo.

mas (até quem odeia tem que dar o braço a torcer), é impossível dizer que bukowski não tinha ideia do que tava falando.

Unknown disse...

Bom, apesar de estarmos discutindo a nossa percepção do filme, algo que sempre é subjetivo, não vejo como não ser "prático" nesse caso. E realmente me irrita quando vêm (não estou me referindo a você) cheio de pedras e acusam um filme de racista, disto e daquilo,nomes feios e coisas graves e ainda sem grandes argumentos, mostrando um desrespeito com quem está por trás de determinada obra, como se um mau caráter ou maluco estivesse fazendo o filme. Enfim, estou tomando as dores dos diretores, rsrs


O blog da Lola é muito legal, dá para ficar horas perdido nos arquivos, tem de tudo lá, rsrs

E Leo,quando eu entender o que você quis dizer eu te respondo.

.'.Gore Bahia.'. disse...

JAI HOOOOOO