domingo, 23 de maio de 2010

Alice no País das Maravilhas ( *** )


Pastiche divertido

Sentei para ver Walt'$ Burton Alice bastante cético e esperando o apocalipse; acabei gostando muito do filme. Bom, não é tão encantador como poderia (e deveria) ser, mas é uma aventura digna, muito melhor do que A Fantástica Fábrica de Chocolate, o tão adorado (curiosamente, mais pela crítica) remake anódino de 2005 que é um dos pontos baixos da carreira de Tim Burton.

Alice tem ritmo, bons personagens e uma seleção impecável de vozes inglesas emprestadas aos personagens digitais. Tem também mais uma ótima criação de Johnny Depp e uma Helena Bonham Carter sensacional, que conseguiu o feito de não se deixar ofuscar por efeitos especiais e de maquiagem, sendo a melhor coisa do filme. E Mia Wasikowska (que nome viu...) é simpática e não compromete. Curti a menina, que vem aí de Jane Eyre.

Curiosamente, o ponto fraco do filme surge a partir de alguns efeitos especiais que deixam a desejar. Digamos que determinadas cenas parecem um filme de animação como os dos filmes Pixar, com a diferença de que os filmes deste estúdio trazem efeitos mais refinados.

Muita gente vem tendo problemas com Alice, que seria um Tim Burton "vendido". Burton sempre fez trabalhos encomendados para estúdios, oferecendo em troca sua visão única e levemente pertubadora, com personagens marginalizados e uma atmosfera hipnotizande e melancólica. A questão aqui é que no filme de 2010 parece que a "marca Burton" está mais evidente do que o toque autoral do homem, às vezes parece um pastiche - o que é a trilha sonora repetida de Danny Elfman aqui? É chato porque, se por um lado denota preguiça e oportunismo, por outro nos lembra que estamos num território já conhecido e que adoramos - bom, para quem cresceu vendo os filmes do cara, é muito bom. Contraditório e fascinante.

Sabe de uma? Ninguém imita Tim Burton tão bem quanto o próprio Tim Burton. E é incrível que o filme tenha me feito nutrir simpatia por um mundo literário do qual, pelo menos quando era criança, nunca gostei, muito pelo contrário. Mas também não precisava terminar um filme com uma canção medonha da Avril Lavigne nos créditos. Di$farça um pouco, né gente...

Alice in Wonderland de Tim Burton / 2010 (1.85:1/1.44:1)

Um comentário:

Gabriel Cadete disse...

ótimo texto. falou tudo que pensei!