sábado, 5 de maio de 2007

Uma Linda Mulher ( **** )


Aquilo que só Hollywood pode te dar
Tá aqui um filme que eu eu fui rever com certo pé atrás, afinal não são poucos os que eu assisti quando era criança e adorava, e quando ia rever já não tinha metade da graça. Não sei se tais filmes perdem esse certo encanto guardado no fundo da memória por que eu cresci e com o amadurecimento veio o cinismo, ou se para gostar de tais obras só sendo mesmo ingênuo, como toda criança, ou se há algo de misterioso e especial na infância que nós perdemos e nunca mais recuperamos enquanto adultos. Não importa a explicação, só sei que acabou.
Surpreendentemente, Uma Linda Mulher, este clássico da sessão da tarde, passou na prova do tempo, e hoje vejo coisas legais no filme que nem havia percebido antes. Um conto da Cinderela modernizado, com prostitutas, capitalismo, violência e insinuações de drogas, mas tudo censura livre e sem ofender ninguém. Como produtão de Hollywood, este Pretty Woman é mesmo perfeito, e a forma que fez esse quebrou há tempos, a julgar pelo que anda saindo do cinema comercial (termo redundante) norte-americano.

Julia Roberts, com um sorriso gigantesco e inesquecível, e Richard Gere, antes de só interpretar pais de famílias, têm uma química perfeita. O glamour é quase zero nesse filme, apesar do tom de fábula. Talvez tenha sido aqui que a ingenuidade deu adeus às comédias românticas, e estas chegaram nos anos 90 cheias de cinismo para dar.

O filme funciona bem não apenas por seguir o caminho seguro de uma esquema tão convencional – e que quase sempre funciona – de Cinderela maltrapilha, mas pela funcionalidade do casal, pelos coadjuvantes, e principalmente por aquela trilha – quem resiste a Miss Roberts e sua bocona desfilando ao som de Pretty Woman,walking down the street em Beverly Hills?

Tudo o que Hollywood pode dar ao seu público está aqui, e aceitamos de bom grado. Um mundo sujo com a possibilidade de redenção, uma garota infeliz que vira puta mas encontra seu príncipe, e este vai mudar sua vida. E pro lado masculino, a garota que é perfeita, com o bônus de ser uma profissional na cama. Todo mundo sai ganhando.

Revendo esse filme, dá saudade de quando as produções comerciais de Hollywood tinham alma e qualidade, em vez das coisas insípidas que vemos hoje. Saudade de tempos mais saudáveis.

Pretty Woman / Garry Marshall / 1990 / ( 1:85:1 )

2 comentários:

Julio Gomes disse...

Poxa, tá bom, o filme é divertido, Julia e Gere têm lá sua química, mas não acha demais dar 4 estrelinhas pra um filme asséptico, que faz a elegia do consumismo desvairado e que tem todos, mas todos mesmo, os clichês do gênero? E mesmo Gere já fez coisas bem mais memoráveis, como "Gigolo Americano", "Cinzas do Paraíso", "Internal Affairs" e "Dr. T"

Anônimo disse...

Ele merece 4 estrelas... eu tbm reassistí, e o filme vale a pena... o clichê bem feito e que funciona mto bem rs