sábado, 14 de abril de 2007

Pecados íntimos ( **1/2 )


Moral e bons costumes

Se havia um filme de 2006 que prometia muita coisa, este filme era Pecados Íntimos. Seu diretor, o ex-ator Todd Field, fez o premiado, amado e também muito odiado Entre Quatro Paredes, e depois do sucesso deste poderia apostar no que quisesse. Mas pisou na bola.

Baseado num romance de Tom Perrota, autor do livro que deu origem ao excelente Eleição (Alexander Payne,1999), o filme começa muito bem, vai envolvendo, mas tem um desfecho contraditório e que desaba sobre o que havia sido mostrado antes. Sofre da síndrome do moralismo que vem acometendo diversos filmes ”adultos” norte-americanos.

Há quem veja no final uma dose de ironia, mas creio que esta interpretação venha acompanhada de excesso de imaginação, ou de esperança do que poderia ter sido. Field perde uma grande oportunidade de fazer um filme maduro, algo que se não vê frequentemente no cinemão de Hollywood. Acaba sendo tão ou mais infantil quanto seus personagens adultos que se comportam como crianças, daí o título original, Little Children (Criancinhas)

De bom, o elenco, excepcional. Kate Winslet não tem medo de parecer feia aqui; Jennifer Connelly pela primeira vez em muitos filmes deixa de ser a coitadinha de sempre e, mesmo com um papel apagado, está muito boa. Na ala masculina todos se saem bem, com destaque para Jackie Earle Haley, realmente muito bom como um pedófilo recém saído da cadeia e que deixa a comunidade inquieta. Figura estranha, tanto o ator como o personagem, que é filmada de forma mais estranha ainda. Field tenta humanizar a figura, mas o acaba punindo no final, numa espécie de atitude que se poderia esperar da vizinha careta e estúpida da personagem de Winslet, que representa diversas donas-de-casa caretas e estúpidas dos Estados Unidos.

Faltou maturidade.

2 comentários:

Anônimo disse...

Bom, creio que vc definiu bem o filme quando afirma que faltou maturidade. Eu iria mais além e diria que faltou caráter, mesmo rsrsrsrs Digo-o pelo tratamento dado ao pedófilo, aparentemente corajoso, a princípio, por mostrá-lo como vítima da fúria moralista da sociedade e, em seguida, quando supostamente tenta "humanizá-lo" ainda mais, mostrando-o como um solitário-em-busca-de-alma-gêmea (o que por si só já é questionável, mas até passaria por bem-intencionado), é a vez do prório filme revelar suas garras de algoz e o personagem vira o monstro tarado de sempre. No mais, continuo desconfiando de todo filme com Jennifer Connely e Patrick Wilson sem camisa salva o dia rsrsrsrs

Anônimo disse...

"Field perde uma grande oportunidade de fazer um filme maduro". Conclusão: eu realmente não sei como você gostou de Pequena Miss Sunhine ...