
O Lobisomem é desconcertante porque parece que tem tudo no lugar, mas nada funciona. Em dois minutos de filme você descobre que lá vem bomba, depois daquela abertura chocha, antes do título do filme.O elenco é bom (Benicio Del Toro é perfeito para o papel), a fotografia e a direção de artesão, belíssimas (tanto que nem as óbvias intervenções digitais atrapalham) e a maquiagem do protagonista, embora esteja mais pra Chewbacca do que para um monstro assustador, é uma bela homenagem ao clássico da Universal. Mas dinheiro não compra talento (risos) e o filme, cheio de truques irritantes de edição, não comove, diverte ou assusta. O ritmo corre contra o tempo, parece que não houve espaço para desenvolver as sequencias ou construir uma relação mais inspirada entre os personagens.
Não é exatamente uma bomba,mas é um filme totalmente sem clima - bom, até Van Helsing - O Caçador de Monstros, tem mais atmosfera do que esse aqui. Nos créditos, uma parte do mistério é desvendada: o roteiro final foi creditado a Andrew Kevin Walker (que escreveu A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, cujo ponto mais fraco era justamente o texto) e a David Self, que foi responsável pelo roteiro de A Casa Amaldiçoada (The Haunting, 1999), outra pérola de grande orçamento e lindo visual, mas de resultado nulo. O filme ia ser dirigido pelo Mark Romanek, que se demitiu (ou foi demitido), e ficou mais de um ano em montagem. A trilha sonora, intrusiva e óbvia, ficou a cargo do Danny Elfman, o que é um choque, esperava mais ( houve problemas de bastidores neste setor também).
Já Amaldiçoados , do Wes Craven, é uma bela surpresa. Teve uma produção tão ou mais problemática que a de O Lobisomem, e assim como no filme comentado acima, os problemas refletem no resultado. Mas o clime Bzão, o bom elenco (que conta com os meus favoritos Jesse Eisenberg e Judy Greer),e até mesmo os efeitos especiais muito ruins (e pensar que o nome do maquiador Rick Baker está nos créditos...) contribuem em favor ao clima de vagabundagem do filme, que é muito engraçado e nada assustador. E nunca fale mal da aparência de um lobisomem (engasguei de tanto rir nesta cena, genial).
Por fim, A Saga Crepúsculo: Lua Nova é aquele filme frouxo que, apesar de ruim, diverte, até chegar ao final constragedor. Os lobisomens aqui são menos toscos do que o trailer do filme apontava, mas não passam de lobos fofinhos. Até a suposta crueldade do filme (no final, com os turistas atacados na Itália) soa pré-fabricada, como se fossse resultado de uma pesquisa no Google.com ("o que podemos acrescentar para soar cruel e violento?"). O visual é bom e, pasmem, a direção do Chris Weitz (vindo da bomba A Bússola Dourada) até funciona, mas o material original é muito ruim. E, na última cena do filme, fica explicitado o que eu já desconfiava: tanto frufru, bichinhos, mortes e o escambau, são apenas uma ponte para a mocinha de Stephanie Meyer realizar o seu desejo: ser pedida em casamento. Afinal, o que as mulheres querem mesmo, até as candidatas à vampira, é pilotar um fogão e servir ao seu macho. Bela lição para as meninas, né?
Amaldiçoados (Cursed, 2005) de Wes Craven ***
A Saga Crepúsculo: Lua Nova (New Moon, 2009) de Chris Weitz *
O Lobisomem (The Wolfman, 2010) de Joe Johnston *