Vampiros no gelo
Ah, o preconceito cinematográfico. Adiei até que pude uma visita a 30 Dias de Noite, que eu pensei que seria mais um pra lista " filmes que eu sei que eu nunca vou ver". Pois bem, assisti e adorei o filme. É violentíssimo, mas a brutalidade serve à história. Muito bem dirigido por David Slade (que terminou recentemente de dirigir o terceiro episódio da série Crepúsculo. Boa sorte para o cara) e tem um roteiro excelente, daqueles que passou por várias mãos e revisões, mas ainda sim é um bom texto. Baseado numa graphic novel, poderíamos cinicamente dizer que o filme só é bom só por causa do material original, mas Deus sabe como há tantas porcarias baseadas em quadrinhos de primeira, então evitemos o clichê.
Aqui vai outro elogio inédito: Josh Hartnett está excelente, sério! A história (vampiros grotescos dizimam os habitantes de uma cidade isolada no Alasca,quando eles passam pelo período mais estressantes do ano,os tais "trintas dias na escuridão").
O bom deste aqui é que as cenas de violência são tão explícitas que,espertamente, o roteiro (ou a montagem final,quem sabe) deixam de fora diversos momentos cruciais e tensos da narrativa. Aquela coisa que todo mundo sabe de "menos é mais", cada vez menos presente nos filmes do gênero. Para os fãs do gore,sobra ainda muita carnificina e situações incômodas, inclusive envolvendo uma garotinha vampira...Brrr. Não por acaso,30 Dias lembra bastante dois exemplares recentes do cinema fantastico, Madrugada dos Mortos (2004) e O Nevoeiro (2007).
Os três são filmados com competência, tem sangue nas veias e fora delas, e desfechos sem concessões, sendo destaques num mercado tão saturado quanto o do filme de horror. Sem falar que aqui temos ótimas ideias frescas sobre a mitologia dos vampiros. Recomendadíssimo, e a edição em dvd é excelente, com todo o processo de pré-produção e filmagens esmiuçados em especiais divertidíssimos.
Disponível em dvd em edição simples pela Sony Pictures
30 Days Of Night / David Slade /2007 (2.35:1)
3 comentários:
Sério que você achou isso tudo, João? Pois eu acho que o roteiro é o pior no filme todo, cheio de furos e mal desenvolvido, apesar do ótimo mote inicial. Filme rasteiro, eu diria.
Rafael, realmente o roteiro tem muitos furos, mas mesmo assim eu gostei dele. Na verdade eu não tinha a menor vontade de ver este filme,acabei me deparando com o dvd e adorei!
Achei, apesar de certos clichês, uma lufada de ar fresco no gênero.
Vai ver que a coisa anda tão feia por causa dos Crepúsculos da vida que eu me empolguei com este aqui,rs...
Realmente a coisa tá feia com esses Crepúsculos rsrs
Enfim, só quanto à parte de "tantas porcarias baseadas em quadrinhos de primeira", tenho que dizer que no caso de Graphic Novels, o resultado geralmente foi bom, como é o caso de Watchmen, 300, V de Vingança, Sin City, From Hell e até o History of Violence, né. Uma exceção às boas porém nunca superiores adaptações de Graphic Novels é aquela MERDA chamada Liga Extraordinária. Uma ótima HQ transformada em lixo.
E o motivo do roteiro ser bom, no caso das graphic novels, tem muito ou tudo a ver com a obra em si, que já acaba sendo um roteiro perfeito, visto que tem o formato curto de um romance literário, mas com toda a narrativa visual própria pra embalar e passar pro diretor. 300 é a transição mais absurdamente igual da HQ pras telas que eu já vi, e o roteiro só não é tão bom assim porque a própria graphic novel não é das melhores do Miller.
Já no caso de HQ's, que contam com todo um universo de sagas e sagas que contradizem umas às outras e milhares de renovações de personagens como Hulk, Superman, Batman etc, do universo DC e Marvel, esses sim, a responsabilidade completa pelo roteiro independe da HQ, a não ser se fosse o caso de estar adaptando justamente e ao pé da letra uma Graphic Novel de algum desses personagens (como o Cavaleiro das Trevas de Miller, que é o próprio sonho em matéria de HQ de Batman). Nesses casos o personagem fica atirado às vontades de roteirista, produtora, diretor... Com a estréia de Scherlock Holmes, a gente pode ver que coisas do tipo podem acontecer inclusive com famosos personagens de contos e tal. Scherlock Holmes era uma literatura "em série", tanto quanto os super-heróis de um universo Marvel. Isso leva à possibilidade de recriação e de opções alternativas, até por serem personagens que já passam por isso o tempo todo nas mídias.
Uma tristeza foi a merda chamada Elektra, onde optaram por criar algo a partir da personagem que aparecia avulsamente ao longo das HQs de Demolidor, ao invés de pegar um roteiro incrível, surrealista e inovador na linguagem das HQs, que é a Graphic Novel "Elektra Assassina", roteirizada por Frank Miller e desenhada pelo Bill Sienckewikz, leitura obrigatória e inebriante. Triste decepção ver como é a indústria cinematográfica em suas escolhas.
Postar um comentário