terça-feira, 29 de maio de 2007

Arizona Nunca Mais ( ***1/2 )


Ethan e Joel, 20 anos atrás

Fui ver esse com certo pé atrás, afinal já tinha visto trechos e não tinha achado grande coisa, mas que surpresa boa, no fim se tornou o meu favorito até agora dos Irmãos Coen.

Dos filmes que eu vi da dupla, este talvez seja o mais comum (sem mencionar O Amor Custa Caro e Matadores de Velhinha, que são de uma fase assumidamente mainstream), mas também o mais engraçado, e com um quê de episódio dos Simpsons – é tão ou mais nonsense que as desventuras de Homer Simpson. Obs:quando eu escrevo comum, quero dizer comum no universo particular e extremamente dos Coen, reconhecível a kms de distância...

Holly Hunter está excelente como o habitual, e o Nicolas Cage era bem mais divertido e interessante nessa época. Algo se perdeu.

Os Coen são o tipo de cineastas que faziam filmes que sempre me deixavam desconfortáveis quando eu era menor, os via sem maturidade, Fargo é um bom exemplo disso. Hoje sou fã dos caras, e o dvd de Fargo tá na minha dvdteca, inclusive.

Arizona, pelo que parece, é o mais leve dos filmes da dupla, embora haja muita coisa ácida aqui, inclusive bebês que são testados no limite do politicamente correto, delírios com motoqueiros bizarros e pais escrotos. Um filme que vale a pena ver, sem pretensões
.

Raising Arizona / Joel Coen / 1987 / (1:85:1)

quarta-feira, 23 de maio de 2007

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Hulk ( ***1/2 )


Eu e o meu monstro

Hulk leva vantagem por ser diferente de qualquer adaptação de uma série dos quadrinhos já lançada, e também por ser um blockbuster autoral e cheio de personalidade, uma espécie muito rara. Dirigido pelo excelente Ang Lee com o mesmo cuidado com o qual ele conduziu suas obras anteriores, o anti-herói da Marvel (popular não só pelos gibis, mas pela série cafona dos anos 70) se vê envolto num mundo cheio de tragédias, conflitos psicológicos, traumas causados pelos pais e outros tipos de dramas que não costumamos ver em super-produções de mais de cem milhões de dólares.

O elenco é outro caso a parte. Para uma atriz como Jennifer Connelly, que tinha acabado de ganhar um Oscar, se meter num filme desse poderia parecer furada, mas o nome de Lee na direção e o roteiro bem armado justificam a presença dela e de outros ótimos atores, Eric Bana incluído. O material é bom, os personagens têm bom tempo de tela, e são cheios de nuances.

A edição de Tim Squyres, simulando a dinâmica dos quadrinhos, é sensacional, e pena que não teve o reconhecimento merecido via prêmios.

A escolha de Lee para dirigir o filme seria estranha se ele não tivesse feito anos antes o hit O Tigre e o Dragão, e há ecos desse filme aqui. O Hulk (da onde veio esse nome?) dá saltos exagerados pelo deserto, vai até o espaço, fica gigantesco e faz citações ao King Kong... tudo é muito bom e mostra uma saudável falta de constrangimento dos realizadores, que cientes das limitações de um monstro verde que não tem muito o que fazer a não ser fazer cara de mau e destruir tudo ao redor, explora o físico da criatura ao máximo, e a câmera do diretor é bem livre.

Trilha muito boa de Danny Elfman, e fotografia bonita e bem cuidada de Frederick Elmes. Outro ponto a favor desse filme, que o diferencia (mais ainda) de outras adaptações de quadrinhos, é o cuidado e a limpeza visual, coisa rara em filmes desse tipo, e que não temos nem mesmo em Homem-Aranha.

Esse aqui se destaca muito em relação a outras séries de gibi por não querer ser mais do mesmo, e se filiar a outros gêneros - no caso o drama psicológico, assim como o também muito bom Batman Begins se filiou aos filmes policiais e de gangsters.

A má notícia: vem aí uma continuação com cara de bomba, dirigida por algum diretor de aluguel inexpressivo, e com Edward Norton (?!) substituindo Eric Bana, e Liv Tyler no lugar de Jennifer Connelly. Ou seja, o nível baixou, e muito, e dá saudade de uma época em que Norton fazia bons filmes, em vez de coisas como Uma Saída de Mestre, Dragão Vermelho, O Ilusionista...

Medo.

Hulk / Ang Lee / 2003 / (1:85:1)

domingo, 13 de maio de 2007

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Homem - Aranha ( *** )


O herói de todos nós

A febre Homem Aranha está previsivelmente em todos os lugares, ganhando muito dinheiro e fazendo a alegria de muita gente, deu então vontade de escrever alguma coisa –é,essa coisa pega.

O primeiro filme é bem bacana, o segundo vai muito além do que se poderia esperar de uma continuação, e o terceiro eu ainda não vi. Pelo o que eu andei ouvindo e lendo, não tem cara de ser grande coisa, então antes de talvez jogar minhas boas lembranças pela série na lama, registro aqui algo sobre o primeiro filme.

Raimi adapta de forma muito esperta o universo do herói, talvez o mais popular dos quadrinhos, mais até que Batman e Superman. Afinal, Peter Parker/Homem-Aranha é gente como a gente, cheio de problemas familiares, afetivos, empregos ruins e muitas contas pra pagar. A cara de tonto de Tobey Maguire ajuda muito, embora às vezes tenha-se a impressão que Peter sofra de síndrome de Down.

O vilão Duende Verde é um tanto chato mas funciona, a cena no Times Square émuito boa, e o filme segue burocrática e competentemente rumo ao embate final, com um ou outro toque inspirado – como a cena do beijo na chuva, já clássica.

Enfim, um filme com tudo no lugar certo, feito com muito dinheiro, e pra sorte de todos,muita inspiração também.

Curiosamente, o filme foi rodado em tela quadrada (1:85:1), algo que eu achei muito estranho, mesmo nessa época, em que eu não conhecia nem me interessava por essa questão de formatos de tela. Não sei por que Raimi escolheu esse tamanho, talvez por ser mais adequado a uma história vinda dos quadrinhos, ou talvez só para ser coerente com o clima e visual B(nesse caso aqui, B de bom, por que não foi nem um pouco barato, só em espírito) do filme- assim como ocorreu com o Guerra dos Mundos de Spielberg, que me chamou de vez a atenção para essa questão dos formatos.

Hum, esse texto me deu uma vontade de rever Hulk...

Spider-Man / Sam Raimi / 2002 / (1:85:1)

sábado, 5 de maio de 2007

Uma Linda Mulher ( **** )


Aquilo que só Hollywood pode te dar
Tá aqui um filme que eu eu fui rever com certo pé atrás, afinal não são poucos os que eu assisti quando era criança e adorava, e quando ia rever já não tinha metade da graça. Não sei se tais filmes perdem esse certo encanto guardado no fundo da memória por que eu cresci e com o amadurecimento veio o cinismo, ou se para gostar de tais obras só sendo mesmo ingênuo, como toda criança, ou se há algo de misterioso e especial na infância que nós perdemos e nunca mais recuperamos enquanto adultos. Não importa a explicação, só sei que acabou.
Surpreendentemente, Uma Linda Mulher, este clássico da sessão da tarde, passou na prova do tempo, e hoje vejo coisas legais no filme que nem havia percebido antes. Um conto da Cinderela modernizado, com prostitutas, capitalismo, violência e insinuações de drogas, mas tudo censura livre e sem ofender ninguém. Como produtão de Hollywood, este Pretty Woman é mesmo perfeito, e a forma que fez esse quebrou há tempos, a julgar pelo que anda saindo do cinema comercial (termo redundante) norte-americano.

Julia Roberts, com um sorriso gigantesco e inesquecível, e Richard Gere, antes de só interpretar pais de famílias, têm uma química perfeita. O glamour é quase zero nesse filme, apesar do tom de fábula. Talvez tenha sido aqui que a ingenuidade deu adeus às comédias românticas, e estas chegaram nos anos 90 cheias de cinismo para dar.

O filme funciona bem não apenas por seguir o caminho seguro de uma esquema tão convencional – e que quase sempre funciona – de Cinderela maltrapilha, mas pela funcionalidade do casal, pelos coadjuvantes, e principalmente por aquela trilha – quem resiste a Miss Roberts e sua bocona desfilando ao som de Pretty Woman,walking down the street em Beverly Hills?

Tudo o que Hollywood pode dar ao seu público está aqui, e aceitamos de bom grado. Um mundo sujo com a possibilidade de redenção, uma garota infeliz que vira puta mas encontra seu príncipe, e este vai mudar sua vida. E pro lado masculino, a garota que é perfeita, com o bônus de ser uma profissional na cama. Todo mundo sai ganhando.

Revendo esse filme, dá saudade de quando as produções comerciais de Hollywood tinham alma e qualidade, em vez das coisas insípidas que vemos hoje. Saudade de tempos mais saudáveis.

Pretty Woman / Garry Marshall / 1990 / ( 1:85:1 )