Ela é independente.
Não gostar muito de filmes como Juno, que quase todo mundo ama, acha lindo e o escambau, é sinal de rabugentice? Talvez, mas não posso ir contra a minha natureza e forçar gostar de algo que, com boa vontade, achei apenas razoável.
Dá pra entender perfeitamente por que foi (e ainda é) um grande fenômeno de bilheteria, virou moda e etc, mas este aqui sofre com aqueles velhos vícios de cinema independente fofo americano, e não há como não se incomodar com isso. Dessa fábrica, o produto que mais me irritou até hoje foi o tal do Hora de Voltar, filme que achei um horror, mas que ganhou fãs por esse mundão afora.
Os diálogos espertalhões, estilizados demais, algumas atuações inanes, e um visual seco que depõe contra toda a graciosidade pré-programada do filme são pontos que incomodam. Não é legal quando você vê um filme e não acredita na metade das coisas que estão acontecendo e sendo ditas. Claro, o roteirista escreve o que quiser, mas não dá pra abrir a mente sempre em filmes que, supostamente, têm o pé no chão e se passam no mundo real.
Outra coisa desagradável é a trilha sonora, cheia de baladinhas repetitivas e idiotas, que irritam mais do que agradam. A trilha fez muito sucesso e está vendendo muito, é claro.
Curioso que, neste filme e nos dois últimos vencedores do Oscar de roteiro original, é justamente o script que me interessa em ver o filme e me decepciona no final. Crash, Pequena Miss Sunshine e este Juno são três filmes que sofreram pra chegar nas telas, foram feitos pelo preço de duas marias-moles, e viraram mania de bilheteria. Mas são pontos de partida excelentes que resultaram em fitas artificiais e com estrutura forçada – e o filme de Paul Haggis ainda tem o mérito de ser mal dirigido e porcamente atuado. Com sorte, saem filmes divertidos, como o da Kombi amarela.
Mas sejamos sinceros, o filme está longe do desastre. O texto da precocemente cultuada Diablo Cody ganha pontos justamente por não tratar a sua protagonista a pão–de-ló, já que é julgada por boa parte dos outros personagens do filme, e por trazer observações pertinentes sobre casamento, paternidade, vida escolar e outras instituições. Só faltou ser menos afetado.
Mas o que eu quero dizer é que, pena, que filmes tão premiados pelos seus roteiros tenham histórias, diálogos e situações tão malandros, deixando filmes melhores, mais bem escritos e honestos em segunda mão. É a vitória do conceito sobre a qualidade, e valorizar tal tipo de filme pra mim é algo muito perigoso.
Obs: O que é essa Academia de Hollywood hein? Até agora não entendi como o Jason Reitman foi indicado ao Oscar de direção, deixando para trás David Cronenberg, Tim Burton e o Joe Wright. Que mico.
Juno / Jason Reitman / 2007 / (1:85:1)