Sou de ferro, mas tô na moda
Mais uma adaptação de história em quadrinhos, Homem de Ferro esgota o time classe A de heróis Marvel nas telonas – Capitão América vem aí,mas quem se importa? Produção atípica por investir tanto e tão forte no seu protagonista, o ex-garoto problema Robert Downey Jr., Homem de Ferro é uma falsa obra despretensiosa, pesada como chumbo, mas tolerável enquanto dura.
Falsamente despretensiosa por que investe numa história sem grandes possibilidades, mas disfarça bem a falta do que abordar. O filme é resumido à construção de armas, seja na forma de mísseis ou na forma de armaduras estilosas, que fazem voar. Parece muito menos sobre salvar vidas e evitar guerras do que sobre ser um grande designer. Artistas gráficos, figurinistas e afins vão amar.
Mas temos o lado bom, é claro. O que mais chama atenção neste aqui é a forma como, do marketing ao roteiro, os personagens/atores são privilegiados, e em vez de escalar jovens atores inanes, houve investimento pesado na contratação de um quarteto de ganhadores e vencedores do Oscar. Curioso.
Analisando, Downey realmente está divertido e sarcástico na medida certa, e prova que quando grandes produções como essa investem em escolhas inusitadas (Tobey Maguire em Homem-Aranha, Hugh Jackman em X-Men) geralmente dá certo. Terrence Howard é aqui um coadjuvante de luxo, Jeff Bridges está excelente como sempre, mas também irreconhecível, e Gwyneth Paltrow pega uma personagem simpática e agradável como poucos papéis que ela já fez antes. Não convence muito, afinal ela sempre parece estar simulando uma persona agradável e leve que não lhe pertence, e nunca sabemos se sua personagem é burra ou somente atrapalhada, senão ambos, mas nada que comprometa.
No mais uma história com uma moral tão boba que não engana nem criança de dez anos, quanto mais o público mais velho que deve estar indo ver este filme, atraído pela suposta credibilidade que o tal elenco premiado traz.
Os efeitos especiais são incríveis e funcionam justamente por não parecerem efeitos especiais. Se a direção do também ator Jon Favreau (que interpreta o motorista do herói) é apenas funcional, sem querer impor estilo (o que parece ser uma regra neste tipo de franquia, embora ninguém tenha avisado isso ao Ang Lee na época de Hulk), o Homem de Ferro resulta num blockbuster tímido, que não faz muito barulho, mas é inofensivo enquanto dura.
Iron Man / Jon Favreau / 2008 / (2:35:1)